terça-feira, 4 de setembro de 2012

Tempo da Lua que vai...

Olhava-me no espelho enquanto penteava meus cabelos, os fios prateados inundavam minha longa e outrora negra cabeleira. Invadia-me a doce sensação de antiguidade. Aos cinqüenta e nove anos sinto-me iniciando o caminho do Grande Retomo; agora, meu corpo já não solicita a busca bendita do mundo externo, mas sim a sábia caminhada do universo desconhecido que me acompanha desde quando na Terra respirei pela primeira vez. O mundo interno a mim mesma, clama por mim. Estou penetrando os caminhos virgens para o encontro com minha Anciã que pacientemente aguarda encontrar-se comigo. Sinto o vento suave dizer-me que meu Eu deseja encontrar-se com meu pequeno eu tornando-se um só. A ilusão da separatividade inicia fortemente sua própria destruição; certamente o deus Shiva esteve trabalhando com afinco para que cada parte de mim pudesse encontrar com seu lado complementar e assim a Unidade pudesse ser estabelecida. Olhava para minha imagem especular e lembrava-me de todos os Anciões que me antecederam: minhas avós, minha mãe, meus avôs, meu pai ... momento de memórias sagradas onde o tempo se mostra abrindo um belo livro, aquele onde ninguém pode ler por mim: o livro individual, pessoal por excelência.

Paisagens

Sempre gosto de escrever sobre as viagens que realizo e ir contando as novidades, mostrando aquilo que me toca, que me faz refletir, que me ajuda a crescer e que ajuda o mundo a melhorar. E esses dias viajei por Sergipe e Alagoas. Ví lugares tão lindos…os coqueirais deslumbrantes da costa dessas terras, o cheiro do mar, os cajueiros se dobrando de tanta fartura me levavam a lembrar a India, o sul indiano com seus coqueirais e frutas doces. E ali, vendo aquilo tudo minha imaginação ia ampliando e o amor pela Mãe Terra se fazendo mais pleno. Apesar de todo o maltrato infringido, de tanta poluição e descaso, a Terra continuava a se doar, a ofertar seu fruto, sua beleza e seu amor. Orei ao por do sol sentindo a vida se afirmando naquela bola vermelha de luz e calor. Cantei pra lua que redonda, tendo o mar como testemunha, aparecia plena me fazendo sonhar com uma nova concepção de vida, uma nova forma de estar no planeta. Buscando trazer mais alegria e confiança pra o meu caminho e tornar meu corpo vivo até o último momento, meu último suspiro.