terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rito de Wachuma


Noite da lua negra se fez o rito. O tema foi Realidades Paralelas, tempo dentro do Tempo. A tribo mergulhou em um infinito de imagens e memórias onde a existência dizia sim ao desenrolar dos segundos. A dança na madrugada, as estrelas brilhando e o milharal crescendo prateado. Cânticos, tambores e maracas tocavam o som da vida e Wachuma reinava tranquilo e acolhedor. Éramos santos/as, deuses, orixás, anjos e luz, muita Luz naquele círculo de paz e ternura. Nossos sintomas iam se desvelando e dentro de cada um/a, as células falavam e revelavam o que  a mente sozinha jamais alcançaria. Na madrugada seguinte, a partilha na fogueira, um momento mágico onde pássaros anunciavam o amanhecer que semelhante ao entardecer nos fazia ver que a linha do tempo é uma, apenas uma e completando o cenário mágico pingos de chuva vinham nos abençoar e concluir o rito.E viva a medicina do deserto!

Sou avó


Há muito tempo sou avó, mas sempre meus netos e netas moravam distante de mim. Em novembro nasceu minha netinha Mani. Ela mora bem pertinho de mim e é adorável vê-la crescer juntinho, ver seu sorriso, seu jeitinho feminino, seu gosto pelos tambores, sua alegria em andar por Terra Mirim. Olho pra ela e fico apaixonada, tudo que ela faz acho lindo, fenomenal, embora saiba que toda avó acha isso também, e me vejo sorrindo por tocar nesse sentimento de todas as mulheres avós do mundo, nossos/as netos/as, frutos de filhos e filhas amados/as são sementinhas de luz que vindas das estrelas fazem brilhar mais e mais as estrelas contidas nos grãos de areia de nosso planeta. E me invade um sentimento desconhecido, extremamente confortável  em achar que ela chegou na mãe Terra pra me fazer lembrar da beleza da semente quando germinada em terra fértil.

Colheita em Terra Mirim


Há algum tempo venho meditando sobre o ato de comprar em supermercados. Quando lá vou, fico observando as pessoas adquirirem seus produtos e a alegria que sentem ao ver seus carrinhos cheios de ingredientes que farão o cardápio sonhado. E me pergunto: será que elas sabem de onde vem esse alimento? Será que elas se lembram que o ovo vem da galinha,que a carne vem de algum animal abatido? Será que sabem que cada fruta faz parte de uma rede de vegetais que necessitam cuidados e atenção diárias?
Uma vez aqui em Terra Mirim uma criança vinda da cidade espantou-se ao saber que o ovo vinha da galinha, ela jurava que o ovo vinha da prateleira do supermercado! E foi assim pensando que resolvi voltar
às minhas origens de camponesa e resolvi plantar, desenvolver uma pequena roça pra me alimentar e também alimentar minha tribo de Terra Mirim. Uma felicidade me invadiu e comecei a semear a terra cuidada, regando todo dia, vendo a plantinha crescer e se doar madurinha pra que eu a usufruísse. Atualmente colho tomate, milho, quiabo e maxixe todo dia, uma beleza poder tocar em cada um desses alimentos e agradecer pelas bênçãos da mãe Terra na bendita terra de Terra Mirim.