quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Wachuma

É uma das plantas mais antigas da América do Sul. A prova mais antiga remonta ao ano de 1.200 a.C. Vemos na imagem ao lado uma mulher com cara de coruja, possivelmente uma xamã, segurando o cacto Wachuma, cientificamente conhecido como Trichocereus Pachanoi. No norte do Peru, recentes descobertas confirmam o poder das sacerdotisas que comungavam Wachuma pela descoberta da importante Huaca Cao no norte peruano, onde uma mulher, Senhora de Cao, era a xamã e líder de seu povo, os moches. Uma das maiores descobertas realizadas até hoje no Peru, uma mulher como governanta e xamã.
Nessas civilizações Wachuma era utilizado buscando a proteção dos deuses e a comunicação com os seres das galáxias.Quando os espanhóis chegaram a nossa América, os nativos substituiram o nome Wachuma pelo nome San Pedro em uma tentativa de sincretização com o santo católico a quem era atribuído o poder de abrir as portas do céu. Um texto eclesiástico dizia que os xamãs tomavam a bebida chamada Achuma, e como era muito forte, depois de tomaram perdiam o juízo e ficavam privados dos sentidos,tinham visões nas quais aparecia somente o diabo. Interpretação totalmente contrária a visão xamanica, onde a função mais importante do rito é a ampliação dos sentidos.
Exatamente como aconteceu com o Peyote no México e o resultado da ignorancia é a oposição descabida ao cerimonial onde Wachuma é a fonte de onde se bebe a água que mata toda e qualquer sede.
Trata-se de um cacto que chega a atingir mais de dois metros de altura, tendo a mescalina (Peiote) como princípio ativo. Considerada uma planta enteógena (encontro com Deus) e não alucinógena, é utilizada por nós, xamãs, em ritos específicos para curar enfermidades em geral , mas principalmente para ampliar a consciencia e tocar no destino e no propósito de vida de cada pessoa aqui no planeta.
Importante saber que os xamãs buscam a consciencia, o estar inteiro com todos os sentidos claros, ser responsável pelos atos que se realiza. Nós xamãs, não buscamos viagens estereotipadas e irresponsáveis. Nossos ritos são sagrados, religiosos na essencia da palavra "religare" com a guiança interior de cada ser.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chavín de Huantar

Então... chegamos finalmente ao local do nosso último rito. Seguimos através das inacreditáveis montanhas peruanas com suas faces reveladoras. Durante a trajetória, Wachuma comungou seu poder conosco, nos tornamos um/a com Ele. A planta de poder ampliou nossa consciência nos mostrando paisagens interiores jamais tocadas. Estávamos entrando na região de Chavín de Huantar, onde a lança mágica cravada ao solo reverberava poder e força. Tudo à nossa volta emanava a pulsante espiritualidade guardada em cada um/a de nós. O primeiro rito foi realizado para os quatro elementos às margens do caudaloso rio Mosna. O por do sol resplandecia o símbolo que me houvera sido ofertado por caros amigos: um objeto de um tempo muito, muito antigo, a cruz da cirurgia, nossa cruz sagrada, a cruz dos xamãs e dos curandeiros/as, anterior a qualquer colonização que se tenha notícia. Em seguida entramos nos subterrâneos do tempo e nos templos secretos de Wachuma. A espada de poder nos aguardava e a cura se processava em cada coração. Bênçãos da Deusa se derramavam em nós. Saimos com o coração pleno e a mente aberta de luz e amor. À noite, a chuva fazia semear tudo que havíamos plantado e as pleiades escondidas nos enviavam sinais de prata gravada nos céus da noite.