domingo, 26 de dezembro de 2010

Hoje me acordei poeta

Pois é, hoje me acordei poeta e fui escrever, falar com a natureza... me encantou o passarinho azul que brincava diante de mim. A leveza do vôo, o olhar aguçado. Ví também a cobra verde que se contorcia veloz pela grama. Encontrei a salamandra e o calango se arrastando nas folhas, o silencio da mata querida me trazia o repensar de mim e minha irmandade com os seres da natureza. As nuvens faziam traços no céu escrevendo os pensamentos da Deusa Mãe. Fiquei pensando que o ser humano só destrói porque perdeu a poesia, perdeu a percepção do instante e a capacidade de se surpreender com as coisas simples da vida. Sentei juntinho da fonte de água pura e me refresquei. Orei e caminhei de volta pra minha casa onde pude conversar com meus cachorros e comer tomatinho tirado do pé.

O rito da Lua Cheia- Mamaquilla

No dia 21 passado, a noite surgiu com seu manto prateado de vida e de amor. A XamAM seguiu com o grupo de aproximadamente 40 pessoas ao encontro dos espaços sagrados, onde a natureza é a Rainha e Senhora. Fogueira acesa, o som dos tambores, os cantos e as danças. Em seguida, as mandalas e a entrega das mesmas no espaço da XamAM lá, no meio da mata. O calor dos corpos mesclado ao frio da noite nos acalentou em um breve sono descansando corpos e mentes. Seguimos guiados/as pela luz da Lua para realizar nossa cabana da purificação. Cura pura, êxtase da Deusa. Ao final, despedidas, abraços, gratidão e um mingau de carimã quentinho nos aguardava. A rede dos/as parentes se fortalece e os manos e manas criam um mundo de amor e paz. A XamAM agradece.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Novos Movimentos

E os encaminhamentos para um saudável andamento das obras do rodovia BA 093 estão tendo prosseguimentos. Tivemos uma  reunião aqui no dia 15, chamada Consulta Pública, onde transcorreu de forma forte e assertiva, em seguida, no dia 17, sexta feira uma reunião com a SEINFRA - BA. Nesse dia, me preparei pedindo bênçãos e orientações à Deusa Mãe. Seguimos, eu (que a princípio não ia), as mirinianas itambôs Maria Izabel e nossa advogada Daniela, os guerreiros itambôs Binho, Wellington, Assunção e Edson, os vereadores Orlando, Joel e nosso prefeito, Eduardo Alencar a deputada Luiza Maia, a equipe do secretário juntamente com a AGERBA e o presidente da Bahia Norte, Sr Damião Moreno. De início foi logo nos dito que a mudança de local da praça era impossível, essa era uma determinação governamental, portanto não haveria negociação. 
E aí, conversa vai, conversa vem, de forma bem direta e clara, estremecimentos e contrariedades, foi definido que a praça não sairia, mas as negociações deveriam ser claras e cumpridas. A AGERBA se apresentou para elaborar uma ata junto conosco, para deixar tudo regulamentado, registrar as promessas e acompanhar os encaminhamentos e promessas. Ví que apesar de não termos ganho a mudança da praça,  não perdemos nada das nossas reivindicações: teremos pedágio livre para os carros, ônibus gratuito cedido pela concessionária para os moradores, inclusão na elaboração do Plano de duplicação da obra, Plano de  desenvolvimento local determinado por nós junto com a concessionária. Além disso teremos recursos imediatos para as obras emergenciais das comunidades afetadas pelo trabalho da concessionária como assoreamento da fonte do Dandá, inundação das casas quando a chuva caiu e estudo e efetivação de soluções para a questão da mortandade dos peixes no rio do Japones em Palmares.O Sr. Damião também confirmou a capacitação das pessoas daqui para assumirem os cargos nos trabalhos da concessionária, assim como para adequação e melhoramento dos pequenos comerciantes locais que ficam às margens da rodovia e a possibilidade de grandes projetos sócio ambientais. Tudo isto já fazia parte de nossas reivindicações.
Caras pessoas, não foi fácil! Depois de tudo, saímos com nossos guerreiros totalmente insatisfeitos dizendo que havíamos cedido.Que deveríamos insistir na mudança da praça.
Eita, pra fazê-los entender foi outro processo. Maria Izabel e Daniela  tiveram que ir nas casas deles durante a tarde e só chegaram às 21:00hs em casa, mas com bons resultados. No dia 20, segunda às 09:00hs teremos uma reunião com a comissão. Vamos seguir com fé e coragem.

Fundação Terra Mirim

No dia 11 fizemos a reunião com o Conselho Curador e o presidente do Conselho Fiscal, Jorgivaldo. Levamos temas importantes sobre área financeira (demonstração) e o início do planejamento estratégico para 2011. Uma das decisões foi a implementação e profissionalização da área de captação de recursos. Vimos também a necessidade de ajuda não só financeira, mas humana a fim de que possamos dividir as tarefas e dessa forma podermos aliviar quem fica na linha de frente. Mas tudo bonito, sem queixas ou lamentos. O marco zero inicia sua chegada. Se você quiser nos ajudar seja bem vindo/a!!

Falas e Reuniões

No dia 10 tivemos uma reunião na Escola Ecológica da Fundação Terra Mirim sobre a questão da duplicação da rodovia BA093. A reunião uniu muitos representantes das comunidades do nosso Vale. Vieram também Dra Grace, (MP de Simões Filho), Bira Coroa (deputado estadual de Camaçari), Valdomiro (advogado da Comissão de Justiça e Paz, Pojuca), Geneci (gerente da APA Joanes Ipitanga), Rita (Secretaria de Meio Ambiente de SF). Foi muito boa! Decidimos implementar nossas reivindicações juntamente com outros municípios por sugestão de Dra Grace e de Bira Coroa, dizem eles que "ficará mais forte" o movimento. Nossa advogada solidária, a jovem Daniela, fará todas as reivindicações em termos jurídicos juntamente com as cópias das assinaturas a serem repassadas ao MP.

Força da Vida


Fizemos a paralisação da BA 093 durante algumas horas do dia 09 passado e a paralisação das obras durante todo o dia. Foi uma beleza! Forte movimento onde estavam reunidos/as representantes de todas as comunidades do nosso Vale. Reunimos cerca de 400 assinaturas dos motoristas que por ali transitavam (ultrapassamos 1.000 assinaturas no total). Tivemos o apoio de alguns políticos como os vereadores Orlando (comunidade de Palmares), Joel (Centro de Simões Filho) e João contador (por pouco tempo),  Luiza Maia (deputada estadual de Camaçari) que nos cedeu o carro de som para a manifestação desse dia. Maria Izabel responsável pela área de comunicação da FTM ficou na linha de frente, se expondo, colocando a "cara na tela" apoiada por todas nós e por Daniela, advogada que dava o apoio jurídico necessário ao movimento. O povo da Mirim que lá estava era fundamental para fortalecer nossas ações, eram olhares cúmplices que se entrecruzavam na multidão e se compreendiam.
 
Ao final, a resposta da Deusa Mãe trazendo a força das tempestades, trovões e raios unidos à chuva torrencial com o vento anunciavam que estavam conosco, estavam apoiando nossas reivindicações (ao lado, foto do dia seguinte). Enquanto nós, antigas xamãs e jovens manifestantes dançávamos e celebrávamos a força da Vida, os trabalhadores do consórcio se acotovelavam medrosos dentro dos barracões de trabalho.Víamos a chuva destruir o trabalho deles, a rodovia se entupir de água e areia, os tratores não poderem trabalhar, os veículos pararem o movimento. Ajudamos a tirar alguns carros que ousaram entrar na água e em seguida vim com uma das residentes de Terra Mirim, Andiara, caminhando, cantando e sentindo o silencio das matas e desse local outrora pertencente aos índios tupinambás e aos caboclos. A Mãe me falava do parto e eu do meu amor.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Livros e lançamentos

A Editora kalango lançou em apenas um mês 04 novos livros no mercado: "Modernidade sem Rosto" da autoria de Adroaldo Belens, "A Palavra como Ferramenta de Gestão" de Matilde Schnitman, "Identidade Vacilante" de Fabíola Kalil e o último, no dia 10, sexta feira "Léxico Polissemia Humor e Leitura" de Luciene Aguiar, um estudo do léxico nas crônicas de Veríssimo. que é um estudo sobre um dos livros de Luís F. Veríssimo, na Livraria Cultura.Belos trabalhos desenvolvidos com o empenho típico do editor Dhan Ribeiro.Esperamos que a editora tenha o sucesso que merece e que sua área financeira seja recheada de $$$$ e felicidades.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Xamânica Cidadania

E a XamAM juntamente com o povo de Terra Mirim chamou as comunidades do Vale pra discutir a realização da duplicação da BA 093, empreendimento aprovado pelo Governo e ganho pela Concessionária Bahia Norte. Para dizer a verdade, eles chegaram já destruindo tudo, falando em progresso, sustentabilidade (eu hein, que usurpação de uma palavra tão linda!), não consultaram as comunidades, foram espalhando seus funcionários, tratores e máquinas por toda nossa rodovia, foram chegando como se ali não existissem oito comunidades que vivem ali, muitos nascidos e criados no local.  
Terra antiga, terra dos tupinambás,dizimados e enxotados pela colonização. Àquela época, eles vinham trazendo seu poder e inúmeros escravos que julgavam fôssem também propriedades deles. Uma terra portanto cheia de história, de tambores, de capoeira, de luta, sofrimento e alegria apesar de tudo. Naquela época foi assim, hoje, o mesmo poder se arvora o direito de destruição, de invasão cruel. As armas mudaram. Agora as máquinas substituem o aparato militar, a arrogância se une ao cinismo de "será tudo compensado com projetos sociais" mas a aquiescência do "poder concedente" como eles dizem, ou seja o Estado, o CEPRAM, o IMA e todos os órgãos ambientais se unem de forma acintosa ao capital falando em sustentabilidade e geração de emprego e renda. 
Na luta pela cidadania, fomos aos órgãos municipais locais e contamos com o apoio do nosso Prefeito, de alguns vereadores, de uma deputada, do gestor da APA Joanes Ipitanga e claro, do povo. Paralisamos a BA, tocamos nossos tambores, caminhamos pela rodovia com palavras de ordem em um exercíco de organização popular. Contamos também com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária. Dia seguinte nos chamaram pra uma reunião onde o prefeito e a comissão constituída se fêz também presente. A promessa de repensar tirar daquele local a praça de pedágio, nossa maior reivindicação. Essa praça vai dividir nosso município e nosso direito de ir e vir fica comprometido por um valor de R$5,00 (ida e volta) que será instituído a cada vez que quisermos estar com nosso povo. É injusto, é absurdo!! 
Sr Governador, votamos em sua pessoa na esperança de um governo do povo e para o povo, portanto não nos traia, nao permita esse ato indecente!! Dia 03 teremos uma reunião com as comunidades locais a fim de nos prepararmos para a consulta pública no dia 10, onde todos, estarão presentes, povo, gestores municipais, autoridades e a concessionária. Você também é nosso/a convidado/a. Venha fazer parte desse histórico momento onde quilombolas, mestiços e brancos se unem em busca de que seja escutado seu clamor de cidadania e de defesa da Mãe Terra. Todos os encontros se dão na Fundação Terra Mirim.

Dias que se foram

E os ritos foram lindos demais!! As ervas chacrona e mairiri e o cacto sagrado peruano de Wachuma fizeram verdadeiros acordes de paz e luz. Canções surgidas através do amor guiavam a noite redonda das luas cheias que se multiplicavam em generosos seios de puro leite da Deusa. O salão da ayahuasca está se aprontando e provavelmente em janeiro faremos a inauguração. Uma bela festa nos aguarda. Prepare seu coração e diga sim a sua alma. Venha sem medos de ver os ditames da Deusa em seu ser.É pura luz...como diz nosso sonhador ayahuasquero Dhan Ribeiro.

domingo, 31 de outubro de 2010

A XamAM nas terras peruanas

Pois é, tive tantos problemas esse mês com a tecnologia que meu blog ficou super atrasado! Quero pedir desculpas a todos/as vocês…primeiro foi meu notebook que travou lá no Peru  e me deixou na mão. Claro, vocês podem dizer "ah, mas no Peru tem inúmeras lan houses" , e tem mesmo, porém a XamAM estava nas montanhas, com um grupo de 20 pessoas, fazendo ritos constantemente. E quando cheguei no Brasil, recebi a notícia que havia perdido todos os meus dados. Dá pra compreender o atraso nas atualizações?

Mas, vamos falar no Peru. Digo a vocês que foi uma lindeza. Os ritos de San Pedro, da cabana da purificação, das oferendas à Pacha Mamma…caminhar aos pés do monte nevado de Salkantay. Indizível! 
Claro, que em muitos momentos o corpo físico e emocional gritava e aí tinha que parar e cuidar. Mas a beleza final, a chegada em Machu Picchu foi um sonho! Só quem chega lá pode entender o que falo. Cedinho ainda nos encaminhamos pra o local sagrado, uma enorme fila já estava aguardando o ônibus pra subir. E seguimos pelas estradas serpenteadas a fim de vivermos o sonho de tocar a cidade sagrada. Na entrada, a emoção brotou nos olhos e coração de muitas pessoas, as lágrimas rolaram e a alma falou. Que beleza!! Outros, pelo assustamento do encontro se tornaram agressivos, "rebeldes". A XamAM já sabia disso, afinal são 20 anos de caminhadas.
Os milagres aconteciam com as bênçãos da Deusa, imaginem que duas pessoas do grupo haviam esquecido seus passaportes no hotel em Urubamba e para entrar em Machu Picchu você precisa desse documento. A XamAM ficou por último pra entrar com as duas. E na entrada, a pessoa responsável solicitou o passaporte da XamAM, entregue o documento, ela olhou pra duas pessoas e simplesmente disse: podem entrar! Eram as bênçãos das Mestras que nos acolhiam.

sábado, 30 de outubro de 2010

Livros Baianos

A Editora Kalango cuida dos livros da XamAM com o carinho que é peculiar a essa empresa baiana localizada na Fundação Terra Mirim.É tocante ver as horas dedicadas pelo editor a cada detalhe, a cada reedição dos livros,não só da XamAM, mas a todos os livros que fazem parte do catálogo dessa empresa, que com recursos próprios vai trazendo ao difícil mercado editorial brasileiro suas inovações e sua ousadia. Prestigie o que é nosso e acesse o site da Editora, comprovando a palavra da XamAM. Importante salientar que pela qualidade desenvolvida em seus trabalhos a editora já conseguiu vencer alguns editais e publicar livros de excelentes autores baianos. O  lançamento mais recente, ganho através de edital Secult- Ba, foi a série Licuri, composta por tres livros, no dia 27 de outubro. Outro trabalho muito lindo, de responsabilidade da Kalango, é o livro Lendas Africanas da autora Iray Galrão. Pra quem gosta de saber a origem do mundo de acordo com a cosmologia africana, esse livro é imperdível, aliás, eu digo a vocês que as escolas da Bahia deveriam adotá-lo em seu cotidiano.

Sonhos de mim

Quando cheguei do Peru, havia tanta coisa a fazer, tantas reuniões me aguardando. Porém meu corpo pedia sossego, recolhimento, afinal tinha vivido tantos ritos e um sem número de revelações haviam me sido ofertadas. Fui andar pela nossa mata atlântica, região onde se encontra a Fundação Terra Mirim (FTM), aqui em Simões Filho e solicitei força. Ví um forte índio à minha frente com o peito nu, calça até os joelhos e na cabeça um imenso cocar. Todos os detalhes eram azul e branco. Ele me sorria e me passava energia. Seria essa visão um sonho? Sim, era um sonho de uma outra realidade que se apresentava a mim naquele momento. Ele, um caboclo de pele dourada vinha responder ao meu pedido de ajuda. Saí da mata renovada e pude continuar os projetos sociais com o povo das oito comunidades de nosso entorno. Consolidar minha participação nos Conselhos Municipais, fortalecer as comunidades e encorajá-las a buscar seus direitos. Agora, uma nova missão se apresentava: reunir o povo pra discutir os impactos que os "melhoramentos" da rodovia BA 093 nos traria. Junto com a área ambiental, mobilizamos povo, gestores municipais e representantes da construtora responsável pela obra. Uma forte reunião aconteceu em nossa instituição. A partir daí, formamos um comitê que já se reuniu uma outra vez e outras reuniões já estão planejadas. A Prefeitura local mostrou-se do nosso lado e apresentou um pedido de embargo da obra até que tudo fique claro entre as diversas partes envolvidas. Queremos melhoramentos sim, por direito e não por imposição. Afinal somos nós que vivemos aqui e que lutamos por uma vida melhor . Esse é um outro sonho da XamAM, por isso ela vive incentivando comunidades, realizando mutirões, recebendo jovens pra experiência residencial em sua comunidade Terra Mirim.Que os guias nos ajudem.

Desdobramento de Ações

E a vida no Vale do Itamboatá, região onde a Fundação Terra Mirim (FTM) está localizada e onde a XamAM vive, continua pulsante. São histórias de violência, de falta de sensibilidade, de escolas sem aulas, de dores do feminino. Mas nada disso impede o ânimo da XamAM em continuar seu exercício de cidadania. Digo a vocês que `as vezes me bate um cansaço, um "não tem jeito" me chega. Mas lembro dos animais famintos desse vale, das árvores destruídas,das crianças sem suporte, das mães corajosas e dos homens de bom coração. E sigo. Faço arte com os jovens voluntários que aqui chegam das cidades querendo ajudar na reconstrução solidária desse mundo. Vou com eles, deixo-me guiar por seus instrumentos musicais e por seus sonhos. 

E dessa forma foi realizado o Ecoart, um evento muito belo que contou com a participação, entre outros, de 80 capoeiristas. A roda se fez e nosso Mestre Dal dirigiu os batizados daqueles jovens que trazem no sangue os sagrados vírus da Mãe Terra da resistência e da coragem. Há que se manter viva a importante tradição e a XamAM ora e trabalha pra que um raio de luz possa surgir e a tradição consiga sobreviver.

Poetando na Lua Cheia

O dia chuvoso parecia anunciar uma noite fria. A terra agradecida acolhia o sêmen que vinha do céu nublado, o silencio dos pássaros nos chamava ao recolhimento e a reflexão. À noite, um grupo de buscadores se dirigiu à mata atlântica local para um realizar um rito xamânico com uma das poderosas ervas utilizadas pelos curadores e mestres da Tradição indígena. A XamAM, que traz no sangue a marca das três raças, sente o local, o odor do amor e da força. A lua vai surgindo no céu, brilhante, linda, qual uma nave a aguardar aquele pequeno grupo de buscadores. A noite se transforma em um dia claro e as nuvens se retiram abençoando o momento sagrado. E os poetas poetizam, a nave nos conduz, a Senhora dos Mundos nos acolhe em seu colo de Mãe Eterna.
Os poderosos cânticos se fazem e a oração ecoa pelo Vale com  a intenção de paz e sossego. Possam os senhores da guerra e da destruição escutar nosso clamor. E que a Deusa nos guie.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Xamanismo

Há muitos anos, quando a XamAM iniciou esses caminhos de escuta das matas, das pedras, dos seres visíveis e invisíveis achavam que ela estava indo por caminhos falsos e perigosos. As centenas de clientes da XamAM incomodavam aqueles/as cujos consultórios permaneciam vazios. A psicologia bateu pesado e os invejosos criaram fantasias e mentiras em torno daquela que ousava trazer algo que nunca havia sido escutado e pensado na Bahia e pode-se mesmo arriscar dizer, no Nordeste. Era um tempo difícil e cheio de armadilhas. O tambor tocado era confundido com seitas religiosas, as vivências eram condenadas, o estilo da XamAM questionado até a última gota.Mas a mulher da terra acreditava e seguia seu destino. Muitas vezes sozinha, chorando na mata, pedindo ajuda a seus avós. Sem compreender porque tanta perseguição olhava o infinito e clamava por justiça e força.O tempo, companheiro do espaço a acolhia e dizia baixinho, paciencia. A Europa a chamou e a Alemanha a resignificou, em seguida vieram Itália e Suíça.
Hoje, o xamanismo é aceito, virou moda e a XamAM segue feliz pelos caminhos que ela mesma escolhe fazer, livre por conhecer a vida e confiar em sua própria sabedoria ditada pela Deusa Mãe. E tantos/as que a condenaram, hoje se dizem xamãs. "É verdade, muitos/as desses/as que aí estão nunca suportaram uma busca da visão por mais de tres noites, reclamavam do frio, dos jejuns...mas o tempo segue seu percurso e o espaço sua rota."

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A história da Água Engarrafada!

Dia 28 de julho de 2010 a Assembléia Geral da ONU declarou o acesso à água potável como Direito Humano Fundamental.
Há um tempo atrás, Annie Leonard, pesquisadora e apresentadora da História das Coisas (Story of Stuff - video disponível no youtube), foi atrás da história do acesso à água. Confira o video abaixo e seja mais um a despertar para fazer com que nossos direitos fundamentais sejam respeitados.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Relato da Jornada ao Peru, junho 2010

A Xamã pede desculpas pelo atraso na atualização do blog. É que a viagem do Peru foi intensa demais e foi necessário alguns dias para elaborar o que foi vivenciado e além disso, tentar traduzir de forma simples e verdadeira o que foi vivido não foi algo muito fácil. Leiam e usufruam dessa indescritível jornada e aí quem sabe, na próxima, você se encoraje a ir também?

Viagem ao Peru - um relato

Primeiro dia - O bairro de Lima, chamado Miraflores, pertinho do mar,acolheu o grupo de 21 pessoas que estavam abertas a se lançarem na jornada mítica de idas a templos pré incas, trilharem caminhos inusitados, se conhecerem mais e comungarem a erva sagrada de Wachuma, a medicina sagrada dos desertos e serras andinas. Um lindo círculo de partilha e no final, a elaboração e construção da oferenda à Pacha Mamma. A sagrada folha da coca era distribuída de forma respeitosa naquela oferenda onde haviam doces, biscoitos, conchas do mar e muitas cores.


Segundo dia - Em Chiclayo, após havermos comungado Wachuma, a medicina sagrada, partimos para conhecer o museu do Sr de Sípan, antiga civilização andina onde a arte, a música, o artesanato em argila e ouro eram referências básicas no dia a dia daquela civilização. Senor de Sípan, o mestre, curandeiro, governante dirigia todo aquele esplendor buscando justiça e paz.Entrávamos cuidadosamente naquele mundo mítico guiados/as pelas mãos dos Xamas, Alba Maria e Vítor Estrada. Dali seguimos para Tucume, as pirâmides que ainda hoje guardam mistérios insondáveis. As realidades paralelas se revelavam em ondas de vida e sons. A Xamã recebe a flor de Wachuma em seu coração, seus olhos vertem lágrimas de amor e compaixão. A gratidão invade o espaço.


Terceiro dia - Nossa caravana segue em sua casa ambulante, um ônibus muito bom, guiado pelos amorosos e competentes condutores, Raul e Ricardo. Pós comungar Wachuma, seguimos para o pequeno povoado de Magdalena de Cao. No percurso encontramos nosso amigo, Régulo, o arqueólogo responsável por uma das maiores descobertas já realizadas nos Andes: o estonteante complexo da Senhora de Cao. À beira mar, tres imponentes pirâmides, formando um triângulo poderoso, outrora utilizado em grandes ritos. Em uma das pirâmides vivia a grande governanta, a primeira governanta mulher de todas as civilizações já encontradas no Peru: a Senhora de Cao. Ali permanecemos durante todo o dia vivendo memórias e revelações, realidades e realidades se sucediam em um interminável desfile de beleza e poder. Ao final do dia, no local preparado para o rito aos quatro elementos, doamos nossa oferenda ao Avô Fogo e em seguida um presente pra Xamã: o cacto de Wachuma mostrava sua primeira flor que se abria qual flor de lótus.



Quarto dia - Seguimos pra Trujillo extasiados/as por tanta beleza que aquelas montanhas nos revelavam. Wachuma continuava seu trabalho de cura e revelação.
Quinto dia - Cedo ainda fizemos um suave círculo de partilha e cada um/a definiu por si o que fazer. Era um de nossos dias livres.



Sexto dia - Pós desjejum, viajamos durante 11 horas rumo a Chavín de Huantar, era ali que havia o poderoso templo de Wachuma.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carta da Turquia

A XamAM sonhou durante quase dez anos em ir a Turquia, especificamente visitar a cidade de Konia, onde Rumi, o poeta místico viveu. O poeta nasceu no Afeganistão, mas por motivos familiares sua família mudou-se para Konia, região pertencente à antiga Anatolia. Era um eminente professor de filosofia muito amado por seus discípulos. Sua vida era uma vida comum. Um dia, encontrou-se com um homem, Shams e sentiu Deus nele, descobriu o amor divino e tornou-se um poeta, um dervixe que girava horas sem parar, olhando as estrelas, e falando poesias. Sua vida mudou completamente. Foi inundado pela tolerância, compaixão e paciência, as três qualidades que o acompanharam durante toda sua vida. Conseguiu unir religiões normalmente intolerantes entre si: muçulmanos, judeus e católicos, todos giravam com ele e se deleitavam com sua poesia.

Primeiro dia – a XamAM andou pela cidade de Konia, entrou em algumas de suas inúmeras mesquitas, sentiu a terna energia daquele povo e finalmente chegou ao museu de Mevlana (que significa homem gentil), Mevlana Rumi, como é conhecido em Konia. O coração da XamAM batia forte quando entrou na antiga mesquita. O som da flauta devocional, a sala onde antigamente os discípulos estudavam ajoelhados o Koran, as tumbas de Mevlana e de sua família, a sala do giro e a antiga mesquita eram verdadeiramente uma magia de um sonho transformado em realidade.

Segundo dia – Seguiu a XamAM para uma visita à cidade de Sille, onde haviam cavernas incrustadas nas rochas, local onde em tempos passados as pessoas moravam e meditavam, viu o artesanato da região e em seguida seguiu para ver algo que a fascinava. A cidade de  Ça- talhöyük, descoberta nos anos 90. Uma antiga civilização que tinha a Deusa Mãe como sua Amada. As habitações eram coladas umas às outras, não tinham portas e a entrada era pelos telhados. Para dormir eles entravam em suas construções feitas com barro, mato seco e água, ali também eram enterrados seus mortos. Muitas pinturas rupestres e uma bela estatueta da Deusa feita em argila davam o toque de magia e beleza ao local. A XamAM confirmava mais uma vez dentro dela mesma sua linhagem, a linhagem da Deusa Mãe.
Terceiro dia – Era o último dia da XamAM na cidade generosa de Konia. O retorno ao museu de Mevlana Rumi era a meta maior, além da visita à mesquita de Shams, o inspirador de Rumi. Cedo ainda, seguiu para o museu e agora, sem ansiedade pôde se deleitar de cada espaço, caminhando vagarosamente por cada sala, extasiada com a arte e beleza do local. Dessa vez pôde observar melhor um dos locais mais importantes do museu: a cozinha. Era ali, naquele local que o discípulo decidia seguir ou não aquele caminho. Ele deveria ficar durante três dias ajoelhado observando tudo que se passava no local. No terceiro dia decidia se tinha ou não forças para continuar o caminho que prosseguiria por 03 anos estudando 18 matérias. Só depois disto tudo é que seria considerado um dervixe. Em seguida a XamAM sentou pertinho da fonte, leu Rumi e bebeu da água sagrada. Com o corpo e a alma nutrida se despediu do local e foi concluir sua viagem devocional na mesquita de Shams. O silencio, a solitude eram a tônica dali. A XamAM meditou, orou, agradeceu e seguiu seu caminho na vida.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Matrimônio Interior

Alemanha
A natureza nos aguardava com sua beleza e o sol festejava nossa chegada no local: Hellenthal (Eifel), casa de Abrahm, Alemanha. O trabalho iniciou com uma bela dança de lenços formando mandalas e aproximando cada participante de si mesmo e do outro. Em seguida, práticas corporais exercitando a revelação do medo corporal e como relaxar no próprio medo. Logo após um pequeno intervalo, um belo círculo de partilha, estórias e os abraços de boa noite.
Dia seguinte a preparação para o rito do Matrimônio Interior, o significado do verdadeiro matrimônio era profundamente trabalhado, a dualidade tornando-se Unidade. A fogueira, os cânticos, as mandalas, as oferendas... à tardinha, o belo rito fazendo-se. Arroz e milho sendo ofertados aos seres da natureza, o pôr do sol, nossa árvore sagrada que a tudo abençoava. Logo após,nossa cabana da purificação, onde mergulhamos em mundos paralelos, dobras do tempo e da realidade. Por fim, a celebração, com um belo jantar, bolos e sucos.
Nosso último dia, ainda de madrugada, a meditação dos gongos, nossa consciência se ampliava e os sons nos levavam a campos desconhecidos. Em seguida, um maravilhoso desjejum nos esperava, a partilha final em volta da fogueira, o agradecimento ao local, às pessoas. A hora de mergulhar mais uma vez na realidade do cotidiano nos aguardava, agora seria nosso teste na vida, no dia a dia. Teríamos verdadeiramente mergulhado nos campos benditos de nós mesmas/os e feito o link com nossa realidade ou somente teríamos reforçado a dualidade? Só o tempo poderia dizer.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

XamAM na Itália



 A XamAM decidiu o ano passado iniciar um ciclo de palestras e apresentações. Foram quase sete anos de  silêncio. A fala era só nos grupos que fazia e nos escritas."Percebi que não tinha maturidade para falar sobre meu tesouro, o conhecimento e a sabedoria que brotavam de mim eram interpretados de forma inadequada, talvez nesse período eu estivesse frágil e não tivesse a sabedoria de doar aquilo que minha Mãe, minha Mestra, a Natureza me tivesse doando. Assim resolvi ousar calar". " Mas , ano passado," continua a XamAM "senti que meu tempo de expressar o xamanismo que trilho, que fala da Deusa Mãe, onde sou guiada pelos meus/minhas Avós, a Terra, o Ar, o Fogo e a Água precisava e queria se expressar. Deixo claro minha escolha, meu caminho pra que as pessoas possam distinguir as diferentes vertentes do xamanismo e assim possam decidir se querem participar do trabalho que realizo há uma dezena de anos."


E foi assim que os convites inúmeros se sucederam.Na Itália, belíssimas apresentações, publico lotando os espaços. O Congresso de Bagnacavallo, onde ao final da palestra as pessoas pediam mais e mais...em Bolzano várias palestras, além de entrevistas na televisão e nos jornais locais. No Centro della Pace à noite, era belo ver centenas de pessoas chegando, o auditório lotado e muitas pessoas retornando por não ter lugar pra ficar. Ao final, as canções e os aplausos que não cessavam. O tema: Ecologia Integrativa. Beleza de apresentação!Noite seguinte um encontro formal com os rotarianos e novamente a fala segura da XamAM e os agradecimentos calorosos daqueles homens (a grande maioria) e mulheres elegantemente trajados.

Bad Zwesten - Alemanha

09 a 12 de maio de 2010


São quatro dias de intensa jornada em busca do animal mestre...um vibrante grupo se constitui com a intenção de um trabalho totalmente xamanico, o encontro com o animal mestre é o encontro de cada um/a com sua força velada, seus sentimentos escondidos no labirinto dos campos imaginários. Acessar o campo pessoal, tocar no gerador da energia emocional e sair inteiro/a para trilhar sua História, também chamada Destino.
Nos dois primeiros dias a dança das cores com os instrumentos: tambores , maracas,  gongos chineses, sinos tibetanos é o ponto alto. O grupo mergulha sem trégua ao encontro de si mesmo. Em seguida, o círculo de partilha e a beleza em ver a sabedoria de cada pessoa, de cada curador/a que ali está. “Aguardo você o ano todo pra fazer esse trabalho “, diz um dos curadores à XamAM.














Os dois últimos dias são dedicados à construção da persona do animal, momento íntimo entre as mãos que tocam a argila, o gesso...e o sentimento que vem da mente e do coração. A dedicação é também direcionada para a construção da cabana da purificação. Em volta do fogueira os mantras são cantados e a dança celebrativa para os animais que surgem: rinocerontes, águias, corujas, aranhas....à noitinha a entrada na cabana. Uma chuva gelada cai abençoando o trabalho. Fora um frio penetrante, dentro da cabana um calor aconchegante. Dia seguinte a despedida, abraços de reencontro, olhares de amor e vida. E a XamAm segue seu caminho ensinando as ferramentas para que cada um/a possa colorir sua própria vida.

sábado, 8 de maio de 2010

Passagens de uma Viagem - Bélgica

Segundo dia da Bélgica

O sol chegava de mansinho e a XamAM despertou cedinho pra jornada de cuidar do corpo. As pessoas esperavam por ela na sala cuidadosamente arrumada para isto. A música suave indiana inundou o ambiente e durante duas horas o grupo foi mergulhando em si, conhecendo com detalhes o corpo e suas reações.




Em seguida, os atendimentos individuais e à noitinha um belo círculo de partilha, canções danças e a despedida. Muita alegria e lágrimas de felicidade por tanta beleza!





Sete de maio de 2010


Carta da Bélgica – pequena partilha.       

Caras pessoas,
A chuva fininha cai e o ar frio, fresco, vai povoando a paisagem. As flores mostram suas cores vivas e plenas de pura beleza se revelam. A Xamã está aqui, atendendo pessoas, fazendo círculos de partilha, falando sobre a existência. São momentos em que é vista meditando sobre si mim mesma, mergulhando no grande caldeirão de sentimentos, conceitos e pouco a pouco como uma antiga tecelã transformando tudo que ainda a aprisiona.
Enquanto aguarda a próxima pessoa, senta-se próxima à janela e observa a paisagem lá fora. As montanhas a reconhecem e os animais brincam entre si. Os pequenos lagos se enchem de vida e transbordam amor. Nuvens cinzentas e um raio de sol que teima em existir e se fazer presente. Um traço da Xamã, um pequeno raio de sol nas paisagens quase sempre escuras da vida. Da natureza que clama, da Avó Água que inunda, do Avô Sol que explode em chamas através dos vulcões, do Avô Ar que varre através dos furacões e tornados as paisagens, da Mãe Terra que mostra suas feridas e urra com seus terremotos.
À noitinha o círculo de partilha. Os temas mais solicitados : transformação, busca de consciência para um novo ciclo, menstruação. E no final os cânticos com tambores e a dança resgatando memórias e fazendo renascer a força da vida.Antes de dormir, a Xamã clama com todas as suas forças a Oração da Grande Mãe enquanto escuta uma suave música ao piano. Bons sonhos, que seja uma iluminada noite para todos/as.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

XamAM em jornada

Seis de maio de 2010 ,

Colônia,Alemanha

Estou aqui na Alemanha, ontem fiz um belo círculo de partilha em Colônia, a chuva caía sem parar, a temperatura ia a 7 graus, mas o calor aconchegante da sala nos fazia cantar e celebrar o tempo que ali estávamos. Antes dali dei uma entrevista na rádio WR5 e a jornalista, Atiga, foi de um interesse incrível sobre o xamanismo e a ecologia integrativa. Tudo vai caminhando e ciclos vão se abrindo e outros, fechando. Hoje, sigo pra Bélgica...

domingo, 4 de abril de 2010

Círculo de Partilha


A Xamam Alba Maria mergulhou há vinte e cinco anos nas sendas do xamanismo. Filha de pais com traços marcadamente nativos, foi chamada pelo Caminho desde que aos sete meses de idade viveu a experiência de um sintoma físico que a retirou do convívio natural com as outras crianças. Em sua solidão, aprofundou e ampliou seu campo imaginário tocando realidades desconhecidas e inacreditáveis para os adultos que a cercavam. Nas partilhas, à noitinha, responde temas pertinentes ao Caminho e se deleita partilhando saberes de sua própria existência.

Participante: Alba, essa noite eu tive um sonho, um sonho onde eu estava, vamos dizer entre o bem e o mal e passei por um momento difícil durante o sonho por causa de uma tempestade e quando tudo terminava, eu senti um amor muito pacífico dentro de mim, o gosto do amor pelo amor. Depois do desjejum quando conversamos, eu experimentei o mesmo sentimento, eu queria que você falasse um pouco sobre esse amor pacífico.
Alba: Ele é pacífico, por que é sem desejo, sem expectativas, nada quer. Quem nada quer pode caminhar sem problemas, sem ter que fazer articulações, sem precisar fazer planejamentos, sem precisar fazer negociações; o verdadeiro amor ama por que ama. Algumas pessoas têm flash desse amor, outras vivem nesse amor e a maioria não toca esse sentimento nunca, nunca, nunca. De verdade, ele não é um sentimento, é um estado de pacificação interior, as palavras não conseguem explicar, então se diz:” Tô sentindo uma paz”. Esse estado, essa permanência nesta vibração é tão pacifica que se consegue diluir os desejos e todas as necessidades. Uma profunda e completa respiração, nem inspiração ansiosa, nem expiração medrosa, simplesmente um movimento pacífico,  sem interferir no movimento da natureza. A permanência na perfeita harmonia, tudo em perfeito equilíbrio, incluindo nossos corpos, então se pode respirar, nada em desequilíbrio, por que dentro de si tudo está sendo amparado pelo corpo sutil da Existência, um instante muito abençoado.

domingo, 28 de março de 2010

DEIXE-ME VIVER!




Os pássaros, as cigarras, as galinhas, os galos, os bois e vacas nos pastos anunciavam o doce amanhecer. Eram puros em seu despertar e cantavam seu canto de amor. Não imaginavam que a morte desigual estaria rondando suas vidas. Eles que nos ofertavam canções de vida não teriam direito de viver a própria vida.A selvageria de nossas crenças os predestinavam à dolorosa morte daqueles que são indefesos.

Confira os videos sobre o tema:





Você bebe leite? 28 coisas que você deveria saber:
http://www.youtube.com/watch?v=D2J6phADJvY


Conheça sua Carne (Meet your Meat) (parte 1 de 2):
http://www.youtube.com/watch?v=FYcfpf5AW6s&feature=PlayList&p=49858F231084748D&playnext=1&playnext_from=PL&index=3

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Partilha da Xamam

O dia nasce sereno, o cantar dos pássaros se faz ouvir nos arredores. Lanço minha oração à Deusa Mãe e clamo por Seu amor. Vou seguindo cantando minha canção em um diálogo constante com as ervas. Lá, no espaço onde planto e cuido delas, sento e medito, respirando a paz que elas emanam. Lembro da conversa que tive com um griô, homem antigo da região, um "zelador", conhecedor dos caboclos, das energias subjetivas. Olhando pra ele, me vi também, uma zeladora, cuidando constantemente dos ensinamentos da Deusa. Renunciei a tudo que não me acrescentava, a tudo que o mundo da fantasia me ofertava. E o preço foi precisar estar comigo, me conhecer, me revirar pelo avesso. Assumir minha forma, meus cabelos brancos, meu corpo já não tão ágil, mas definitivamente meu.


Em minha felicidade me vejo cantando e celebrando, vivendo meu sonho, seja em estado onírico, seja em estado de vigília. Não importa, o reconheço sonho meu, em mim, nas minhas células, no meu corpo, na minha alma.